Publicado em 23/02/2012/quinta-feira.
Por Toni Duarte
O carnaval acabou. A partir desta quinta-feira o clima começa a esquentar com a grande expectativa dos milhares de garimpeiros, sócios da Coomigasp, em torno da parceria que já dura cinco anos entre a cooperativa e a empresa canadense Colossus Minerals. O olhar garimpeiro está focado em Brasília. Do MME os garimpeiros esperam ser defendidos em seus direitos, já que o governo impôs um TAC. Não para ser cumprido pelos garimpeiros, mas pela Colossus. A sociedade não aceita o ressurgimento do “fantasma da diluição” que pode engolir por inteiro todo o lucro que os garimpeiros terão direito quando a mina começar a produzir.
Ao invés de participações, os garimpeiros poderão receber apenas a conta para pagar pelos empréstimos antecipados em forma de mútuos cujos investimentos só beneficiaram a própria Colossus. Além disso a sociedade quer saber em que data de 2012 a mina de Serra Pelada entrará em produção e qual é o tamanho real do deposito mineral revelado pelas pesquisas na área dos 100 hectares. O pessoal da Colossus continua em silencio sepulcral. Gesse e Jairo, idem. Dezembro de 2009, ao apresentar o Plano de Aproveitamento Econômico (PAE), foi à única vez em que a Colossus revelou para a Coomigasp e para o próprio governo um deposito mineral de 51 toneladas de ouro, platina e paládio.
De lá para cá, apesar dos avanços das pesquisas, esses dados passaram ser um acervo de uma “caixa de segredos” que só a Colossus tem acesso. Nem mesmo o presidente da Coomigasp, Gesse Simão, segundo ele mesmo revela, sabe de alguma coisa. Fica com a promessa de que um dia a empresa parceira apresente um relatório. Esse foi o motivo para que a Agasp Brasil solicitasse diretamente ao ministro de Minas e Energia Edison Lobão que mandasse averiguar de perto se o Termo de Compromisso assinado entre Colossus, Cooperativa e Governo estava sendo cumprido conforme as suas exigências.
Ainda hoje estaremos entrando em contato com o secretario de Geologia e Transformação Mineral, Claudio Scliar, autoridade responsável pela convocação da diretoria da Colossus e da Coomigasp para uma reunião no quarto andar do Ministério de Minas e Energia conforme determinação do ministro Lobão. Se de um lado a cooperativa vive o seu mais longo recesso da historia, o qual só termina no dia 1 de março, do outro lado a sociedade garimpeira preferiu permanecer atenta e vigilante ao lado da Agasp Brasil diante de uma empresa que age como se fosse à única dona da mina.
Essa é uma questão que, há muito, a Agasp Brasil, representante da sociedade garimpeira, vêm manifestando preocupação, o que levou a tomar uma posição logo depois da eleição da nova diretoria da cooperativa eleita no dia 29 de janeiro passado. Este ano em que está prometida a produção da mina de Serra Pelada essa diretoria não pode seguir com o mesmo comportamento da diretoria anterior. Gesse e Jairo sabem que não poderão continuar fraquejando ou seguir dentro do conselho deliberativo da SPCDM como se fossem duas “vacas de presépio” diante da Colossus. A sociedade garimpeira exige de ambos novas posturas. Terão que dá satisfação rápida sobre essas questões.
A comunidade garimpeira está certa de que o TAC assinado sob a tutela do Ministério de Minas e Energia deixa muito claro que a Colossus não pode cobrar nenhuma despesa anterior à conclusão da mina e sua consequente entrada em operação. A sociedade garimpeira da Coomigasp, diante de tudo que foi dito até aqui, entende que muitas das Assembleias Gerais, embora acarretem uma despesa de natureza diferente, aconteceram em razão de necessidades formais para validação da parceria, tudo dentro do interesse da Colossus.
Portanto, essas despesas estarão, pelo acordo firmado, livres de ressarcimento. Daí porque os associados da cooperativa não aceitam nenhum contorcionismo interpretativo que venha a lhes impor mais esse ônus. Não querem que, como consequência, reapareça o fantasma da “diluição” que arrebatou uma grande quantidade de ações que lhes pertenciam. Tudo que querem é que esse velho fantasma não venha agora corroer os lucros que se espera da exploração da mina. Em resumo: essa história de mútuo precisa ser logo esclarecida e afastada, para que não venha a se repetir o mesmo pesadelo da “diluição” das ações, em que os garimpeiros ficaram reduzidos a apenas 25% do seu suado e sofrido empreendimento mineral de Serra Pelada. A Agasp Brasil vai continuar cobrando.
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