Os garimpeiros de Serra Pelada não ficaram nada satisfeitos com o cancelamento
da viagem do presidente Lula ao município de Curionópolis, hoje, para
entregar a concessão de lavra para garimpagem mecanizada de ouro.
O cancelamento ocorreu, segundo a assessoria de Lula, porque a empresa
que irá explorar o ouro – nascida de uma parceria entre a Cooperativa de
Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp) e a mineradora
canadense Colossus, teria se negado a assinar um contrato com o governo do
Estado para que a cooperativa tivesse o controle acionário do consórcio.
Segundo a assessoria, a empresa havia concordado em assinar o contrato,
mas depois teria desistido, o que inviabilizou a visita de Lula a Curionópolis.
O presidente irá apenas ao município de Tomé-Açu, onde, na localidade de
Quatro Bocas, vai inaugurar uma fábrica de óleo de palma.
Há também a versão de que o Ministério das Minas e Energia (MME)
teria alegado vício no contrato feito entre Coomigasp e Colossus devidamente
aprovado em assembleia geral. A postura do Ministério causou surpresa
entre os dirigentes da Coomigasp e Colossus.
Estaria, no caso, havendo uma ingerência nas relações comerciais entre
empresas privadas.
Prejuízos
Os prejuízos são enormes, segundo os garimpeiros. Famílias foram contratadas
para oferecer 70 mil quentinhas aos garimpeiros oriundos de diversas
partes do país. Sebastião dos Santos, 60 anos, pediu emprestado R$ 200
para comprar refrigerantes, cigarros e balinhas, mas agora não sabe como fazer
para pagar a dívida que contraiu e que esperava lucrar com a ida de Lula
a Curionópolis. Como ele, outras 500 pessoas esperavam ganhar algum dinheiro
com a presença do presidente.
O Exército está de prontidão para evitar que a insatisfação dos garimpeiros
se traduza em tumultos pela cidade.
Os jovens filhos de garimpeiros que estavam apostando na preparação dos
cursos de capacitação para trabalhar na mina estão desolados.
O posto de saúde tocado pela parceria Coomigasp e Colossus na pequena
Serra Pelada pode fechar as suas portas e as ações sociais não ocorrerão mais.
O iminente desastre social foi avaliado como uma grande preocupação do
prefeito de Curionópolis, Wenderson Chamon.
Para os garimpeiros, a responsabilidade pela não ida de Lula a Curionópolis
seria do deputado Paulo Rocha. Eles dizem que Rocha desde o ano passado,
tem mantido uma posição contrária aos interesses da categoria, inclusive se posicionando
contrário ao projeto de aposentadoria especial para os garimpeiros
de Serra Pelada. O deputado nega as acusações.
Outro que virou “inimigo” dos garimpeiros é o secretário de Geologia e
Transformação Mineral do Ministério das Minas e Energia, Cláudio Scliar.
Ele teria feito uma série de exigências, tidas como descabidas pela Coomigasp,
para liberar a concessão de lavra.
Ameaça
Os garimpeiros ameaçam fechar estradas no Pará e Maranhão como forma
de protesto. Nem a possibilidade da ida de Márcio Zimmermann, ministro das
Minas e Energia, a Curionópolis, entusiasma os garimpeiros. Eles queriam
Lula.
Adiado
Ontem, a Coomisgap anunciou em Imperatriz que o encontro de Curionópolis
está mantido, mas confirmou que foi adiado para amanhã.
Segundo a direção da cooperativa, o ministro de Minas e Energia, Márcio
Zimmermann, e o senado Edsion Lobão confirmaram presença no evento.
Com informações do Diário do Pará
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