O dossiê concentra suas principais denúncias exatamente nesse processo de concepção, elaboração e, segundo ele, consumação fraudulenta do convênio entre a Colossus Geologia e Participações Ltda. e a Coomigasp. Segundo o Singasp, o senhor Valdemar Pereira Falcão, além de eleito irregularmente, teria coordenado a negociação do convênio. Ademais, teria havido substituição dos termos contratuais entre a proposta “apresentada” na Assembleia Geral Estatutária e o texto final do contrato jurídico assinado dias depois (16 de julho de 2007). Segundo Raimundo, o lobbista da Coomigasp, Pérsio Mandetta, com a conivência dos então diretores do Conselho Fiscal e Administrativo da Cooperativa, do presidente Valder Falcão e do advogado Jairo Pereira Leite, “concretizou no contrato a diluição do patrimônio dos associados
da Coomigasp”. Benigno apresenta como uma das provas uma mensagem que teria sido enviada por Pérsio aos executivos internacionais da Colossus, na qual ele afirma que “nossa proposta é diluir a participação da Coomigasp para 25% e aumentar a da Colossus para 75% no projeto (…) nossa opinião é de manter esta participação por algum tempo, e encontrar um caminho para diluir a participação no futuro, mas não logo agora após o primeiro investimento”.
De fato, o contrato apresentado pelo dossiê possibilita esse aumento da participação da empresa canadense a, no mínimo, 75% dos rendimentos da nova joint venture criada, sob poder majoritário da Colossus. Brasil de Fato ainda não localizou Valdemar Falcão, Jairo Leite nem Pérsio Mandetta para averiguar suas versões sobre todas essas denúncias.
Para o sindicato, porém, o esquema não teria se restringido a isso. Ao longo desses cerca de dois anos, para assegurar a “permanência do grupo de Valder Falcão no poder e a legitimidade das assembleias”, a Colossus teria montado “uma estrutura para desmoralizar e aniquilar todos os adversários que fossem contra o contrato de parceria entre a Coomigasp e a Colossus”. Como provas, o dossiê elenca uma série de e-mails trocados por funcionários da Colossus (pedindo o pagamento de propinas a garimpeiros) e por Toni Duarte,
presidente da Agasp Brasil, com executivos da Colossus, pedindo o depósito de pagamentos em sua conta pessoal; supostos balancetes da Colossus Engenharia (com previsões de pagamentos de propinas, entre outros, para Gessé Simão – que se transformaria no novo presidente da Coomigasp; [Raimundo] Xinguara,
que está sendo lançado candidato à presidência do Singasp contra Benigno; Toni Duarte, da Agasp Brasil, que alimenta o blog; uma série de vereadores e políticos de Curionópolis e região; e inclusive Hélio Ikeda, geólogo que participou da elaboração de um relatório de impacto ambiental para a Secretaria do Meio Ambiente do Pará; boleto de transferência bancária da Colossus para a viação Transbrasiliana, às vésperas
da chegada de uma comitiva de garimpeiros do Maranhão para Serra Pelada, com o intuito de dar suporte político ao grupo numa das novas assembleias; notas fiscais de intervenções publicitárias em redes da região, entre outros materiais que precisam ser averiguados pelo Poder Público.
O Brasil de Fato localizou Adelson Torido dos Reis, funcionário da Colossus, o qual negou qualquer pagamento da empresa para garimpeiros, ou para o jornalista Toni Duarte (como alega o dossiê). Heleno
Costa, executivo da Colossus, não foi localizado, e os funcionários da empresa alegaram que ele está viajando.
Os garimpeiros Gessé Simão, Raimundo Xinguara e o geólogo Hélio Ikeda também não foram encontrados ainda pela nossa reportagem.
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